Neutopia (PC-Engine)

Conheci Neutopia por acaso, fuçando nos vários jogos que tinha baixado esses tempos atrás para PC-Engine. E parece que é sempre dessa forma que encontramos algumas jóias perdidas entre jogos bons, médios e ruins. Neutopia é uma dessas jóias, um jogo que poucos conhecem mas que traz aquele ar de nostalgia. Tudo porque Neutopia é muitíssimo parecido com outro grande jogo, Zelda. Talvez se tivesse tido mais popularidade, pudesse ter seguido outro caminho na história...


Neutopia conta a história de Jazeta (nome estranho, eu sei) na missão de resgatar a princesa Aurora e os oito medalhões que foram roubados por Dirth, o vilão do jogo. Como podem notar, as semelhanças com Zelda vão desde os gráficos até o enredo do jogo, mas Neutopia tem um pouco mais de profundidade na coisa.

Cada um dos medalhões foi alocado em um labirinto diferente, chamado aqui de CRIPTA, cuja qual só vamos encontrar com a ajuda de uma bússula especialmente feita pra isso. Por aí já dá pra ver que o foco do jogo é realmente na exploração de cenários, um fator muito esquecido atualmente e que dou muito valor em um jogo. O game ainda fornece passwords para retornar sempre que morrer, um save pra quem tinha um TurboGrafx-CD e um item que permitia voltar sempre que morria, mesmo desligando o console. Uma verdadeira mão na roda na época.

Controlar Jazeta é simples, é como jogar Zelda, só que, como eu disse, com mais profundidade. Os cenários são vastos e muitas vezes cheios de inimigos. As cavernas aqui funcionam basicamente como casas, onde encontramos pessoas e, claro, informações. Muito do jogo se baseia nos tais medalhões e na caça deles.... aliás, muito não, TUDO se baseia nisso.

A maioria das pessoas comentam sobre isso no jogo, te ajudam com dicas, lhe dão itens e informações algumas vezes inúteis (procurar por paredes rachadas), outras de uma utilidade sem precedentes (seguir pela direita ao invés da esquerda em uma bifurcação).

a revelação ao personagem principal e o jogo em si, muito parecidos com Zelda realmente

O jogo conta ainda com alguns acessórios típicos de RPGs de ação, como as famosas bombas, por exemplo. Paredes suspeitas podem ser explodidas para se achar passagens, bem como inimigos também podem ser mortos assim. Jazeta começa com uma espada simples, mas vai encontrando novos armamentos durante o jogo.

Um lance bacana é que, a cada armadura encontrada, o sprite do personagem muda também. Não gerenciamos os equipamentos primários, mas o secundários podemos escolher a hora e como usá-los. Apesar dessa limitação, isso em nada atrapalha o jogo.

ali eu ganhei minha primeira poção de cura, 

na outra tela, explodi uma parede "secreta" com a bomba

Os gráficos de Neutopia são ótimos. Os inimigos não são muitos, mas são variados o suficiente para não cansar a exploração. Jazeta tem uma boa quantidade de quadros de movimentação e os NPCs são bem feitos também. Cenários de interiores de templos são bem caprichados, inclusive com detalhes no chão e paredes.

O som também é bacana, com destaque pra música que toca nas casas e templos, muito caprichada, que nos remete à era de ouro dos RPGs de ação da época. Um detalhes bacana do som é quando Jazeta está perto de morrer, um sinal sonoro começa a tocar, assim como nos aproximamos de algum medalhão pelas redondezas.

a primeira armadura do jogo, 

ao lado, a entrada da primeira cripta, cheia de inimigos novos

Apesar das peculiaridades e semelhanças com Zelda, o jogo da Hudson sai perdendo em vários aspectos. Um deles, bastante notável, é a colisão de personagem com inimigos e cenários um tanto repetitivos. Os controles também não ajudam muito, visto que o personagem não anda e não ataca na diagonal, o que dificulta no combate contra certos inimigos que fazem uso desse movimento.

Apesar dos 3 anos de diferença, nenhum desses aspectos presentes em Zelda (a maior inspiração de Neutopia) foi melhorado. Talvez se o jogo tivesse sido melhor polido (e com isso quero dizer lançado em alguma plataforma mais famosa da época), talvez pudesse se igualar ao lendário jogo da Nintendo.

inventário do jogo com os itens já conseguidos

observem que o mapa ao lado é bastante similar ao de Zelda

Apesar dos pesares, pra quem procura uma boa aventura no melhor estilo Zelda, Neutopia pode servir. Ele tem labirintos repetitivos, controles estranhos e muito vai e vem em fases, mas não deixa de ter seu charme e pode ser considerado uma jóia rara, mesmo copiando tanta coisa de Zelda. Em uma época atual onde RPGs desse estilo são escassos, jogar Neutopia acaba sendo uma.... terapia.

Resumão:
+ gráficos bacanas;
+ música e efeitos sonoros legais;
- repetição de cenários;
- controle do personagem é estranho;
- detecção de colisão;

Final Score: 7.5