quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Faxanadu (NES)


Já faz um tempinho que descobri o jogo da análise de hoje e, por não sobrar tempo livre, ainda não o tinha experimentado. Mas, após escrever o especial de 30 jogos do NES, iniciei minha jornada nele e descobri um jogo bastante interessante na extensa e variada biblioteca gamística do NES.

Hoje lhes apresento Faxanadu, a versão para NES de uma série bastante prestigiada principalmente no Japão, um jogo feito pela Hudson de uma franquia da Falcom, famosa pela série Y's e tantos outros jogos.

Faxanadu é tido como um spin-off do jogo Xanadu: Dragon Slayer 2, que saiu em 1985 para diversos computadores da época, incluindo aí o MSX. O próprio nome do jogo é uma mistura de Famicom com Xanadu, para diferenciá-lo dos jogos canônicos da série.



Diferente da versão japonesa, as versões americanas e européias de Faxanadu não permitem escolher o nome do seu protagonista. A história se inicia com ele chegando em seu vilarejo natal e notando que tudo foi arrasado e a população, com medo, trancada dentro de suas casas, com poucas pessoas ainda transitando nas ruas. Por ter traços de RPG (além de misturar os gêneros puzzle com adventure), o jogador precisa conversar com vários personagens na cidade para se atualizar dos acontecimentos, bem como receber informações de como prosseguir com a história e para onde avançar.

Faxanadu é um jogo bastante intimidador e eu não digo isso apenas na dificuldade normal dos jogos do NES dessa época. Ele é um jogo bastante cru, tanto no visual, quanto no gameplay, como controles e desenvolvimento da história. Se a pessoa que resolver encará-lo não deixar de lado as facilidades encontradas nos jogos atuais (e até não tão atuais), vai se encrecar e será capaz até de difamá-lo injustamente. Dito isso, posso prosseguir destacando alguns pontos principais dessa versão do NES.

Uma das primeiras coisas a ser notada em Faxanadu é no quanto seu cenário de fundo é importante no jogo. É através da observação dele que se notam simples portas para lojas, casas ou até mesmo a entrada de vilarejos, cidades e dungeons. Falando por mim, logo no início me vi perdido sem saber para onde prosseguir, pois o caminho natural pela direita estava bloqueado. Demorei alguns minutos para notar uma porta ao fundo, onde é preciso apertar para cima para entrar. Esse tipo de coisa acontece com uma certa frequência principalmente no início do jogo, como se o jogo estivesse acostumando o jogador para que ele sempre esteja atento ao cenário.



A segunda observação fica logo para o combate. Em Faxanadu, como podem notar pelas imagens, a mecânica adotada é o belo e singular 2D, com batalhas simples, sem menus nem nada, apenas avançando seu herói para cima dos inimigos e batendo com a arma equipada. Alguns inimigos são mais fáceis, outros tem padrões mais traiçoeiros mas a maioria é relativamente fácil de ser abatida com alguns golpes, salvo os chefes e inimigos maiores.

Os pulos do personagem também são difícies de se assimilar no início, devido à velocidade dele ao caminhar. Se você andar por algum tempo, ele começa a se locomover mais rápido, o que facilita na hora de pular algum obstáculo maior. Após se aprender como se joga de fato é que Faxanadu se torna interessante, mesmo que isso demande algum tempo.



Armas, escudos, armaduras e magias estão presentes no jogo também. A maioria delas é distribuída em lojas conforme o jogador avança pelo jogo, sendo vendidas muitas vezes por preços astronômicos (principalmente as magias). Note que existem duas barras principais, onde estão marcadas o nível de magia (verde) e a energia do herói (vermelha). A maioria dos inimigos deixa moedas, mas alguns deixam também energia. Saber as áreas onde esses inimigos dropam barras de vida é crucial em alguns momentos, visto que as casas onde se recuperam as energias custam muito caro, mesmo no começo do jogo.



O gameplay em geral se resume basicamente em conversar com os moradores dos vilarejos, anotar as dicas, juntar uma grana para comprar potions e armamentos e partir pras dungeons. Uma característica interessante do jogo é que muitas dungeons requerem chaves especiais para se poder entrar nelas. E essas chaves custam dinheiro, muitas vezes são bem caras e requerem que o jogador mate muitos inimigos para juntar o necessário. E, se você gastar uma chave, entrar no local e depois sair, precisará de outra chave para poder voltar ali. A parte boa disso tudo é que seu herói também junta pontos de experiência e vai evoluindo conforme mata os inimigos.



Quase todo vilarejo tem uma espécie de guru ou padre num templo que, além de fornecer o password (sim, Faxanadu trabalha com aqueles passwords enormes, denominados aqui como "mantras", contendo inclusive letras maiúsculas e minúsculas além de números), também evolui caso seu personagem esteja com os pontos necessários. Esses pontos podem ser vistos indo ao menu e selecionando-se PLAYER. Ali também constam os itens equipados pelo personagem, como magia, espada, escudo, armadura e anéis.



Além de se equipar devidamente e enfrentar as dungeons, Faxanadu oferece uma boa dose de vai e vem nos cenários. Como as dicas para avançar no jogo são dadas apenas pelos NPC's, anotar tudo que eles falam de relevante precisa ser uma tarefa normal e comum ao jogador. Como atualmente estamos acostumados a ter tudo isso previamente anotado pelo próprio jogo e, caso precisamos, apenas consultamos num menu, é natural você se perder em Faxanadu e ficar indo e voltando em cidades e dungeons sem saber pra onde ir ou o que fazer.



O brilhante level design de todas as áreas presentes no jogo, aliada aos inimigos mais implacáveis que infestam as torres e calabouços, faz deste um dos jogos mais cruéis do NES, mas não punitivo ao extremo de lhe obrigar a abandoná-lo. Você muitas vezes vai ver certas passagens, certos lugares inalcançáveis e portas escondidas que só serão exploráveis após conseguir algum item ou fazer alguma tarefa pendente. De certo, Faxanadu tem uma aura em si que atrai os jogadores, seja para sua trama cheia de buracos, seja pelo seu level design que pende bastante pro termo "metroidvania", que não deixa quem se apega pelo jogo se afastar por muito tempo ou simplesmente largá-lo. É um jogo como há muito tempo eu não experimentava, posso afirmar.

Apesar de toda sua dificuldade e ser bem grosso quando controlamos o guerreiro para saltos ou ataques, Faxanadu é fascinante e eu só tenho a lamentar por não ter descoberto essa relíquia há mais tempo. Mas, como bem se diz, nunca é tarde para descobrirmos um bom jogo e Faxanadu tem ótimos motivos para ser descoberto por você também.

Mesmo com uma trilha sonora mediana, Faxanadu tem bons combates, uma ênfase carregada na exploração dos cenários e pertence, definitivamente, à escola dos RPGs antigos e datados. Ele ainda consegue ser mais divertido e original que muita coisa que sai hoje em dia e vem praticamente no modo automático.

Faxanadu te obriga a jogar um RPG como nos velhos tempos, anotando muitas vezes as informações num papel, pensando como passar certos obstáculos e até desenhando mapas para não ficar perdido.

Resumão:
+ visual chamativo, principalmente nos cenários de fundo;
+ o level design é bem inteligente;
+ é um autêntico RPG nos moldes antigos, com muitas idas e vindas;
- é certo que a paleta de cores do NES é enxuta, mas o jogo parece repetir demais as cores;
- as músicas podiam ser mais variadas;

Final Score: 8

13 comentários:

  1. Engraçado, esses dias tava jogando um jogo da Falcom...
    Ys...sim, só agora fui procurar conhecer essa série. Sempre ouvi falar bem e resolvi ir atrás, peguei o Ys Chronicles Books I&II do PSP. Terminei o primeiro, mas vou te contar...embora o jogo não seja difícil na parte do combate, a exploração é punitiva demais. Em alguns momentos dá até dor de cabeça saber onde e como achar alguns itens ( maioria ESSENCIAL pra se terminar o jogo ).
    Acho que isso era alguma espécie de padrão nos jogos da Falcom, a exploração ser mais "malvada" do que os inimigos do jogo.

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    1. Y's eu só cheguei a jogar o primeiro, versão do Master System e depois terminar o Y's VI, do PS2. To querendo pegar esse Y's Chronicles do PSP para rejogar os dois primeiros remasterizados. São jogos cruéis por serem extremamente crus, como vc mesmo disse, com uma exploração extremamente punitiva e penosa.

      Experimente o Y's 3 que saiu pra Mega Drive e SNES. Provavelmente vai passar HORAS até conseguir passar daquela primeira caverna...

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    2. Puts, me lembrei de um detalhe bizarro de Y's III para SNES (mas acho que o do Mega é igual). Em qualquer jogo, depois que você derrota o boss, você fica mal acostumado a reaparecer em alguma vila ou na entrada da dungeon. em Y's 3 não!! Só o life cheio e pernada de volta pra sair da caverna... huahuah

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    3. No primeiro é assim também. Ao menos nessa versão do PSP. Tem que refazer o caminho todo pela dungeon. Porém, como é só sair dela, isso é mais fácil. O problema é achar os lugares que ainda não vasculhou quando tá procurando por algum item ( que nem você sabe o que é, já que o jogo praticamente não explica nada ). E no último dungeon em um momento ainda te tiram seus equipamentos mais fortes e você tem que encontrar eles de novo dentro do dungeon em locais bem separados um do outro.
      A parte engraçada, é que em poucas horas, já é possível estar no lvl máximo do jogo com o herói. O combate se torna fácil ao extremo assim. E é incrível como UM lvl de diferença faz toda a diferença. Inimigo que te atropelava, com um lvl a mais, você quem atropela ele. Só que mesmo no lvl máximo, ainda é fácil apanhar de alguns chefes, porque esse esquema de andar a encostar pra bater nos inimigos desses primeiros Y's é muito estranho de se acostumar. O último chefe em si é um pesadelo. Venci sem querer pois não consegui achar estratégia alguma.
      Enfim, a exploração do jogo é MUITO punitiva, é nela que está praticamente toda a dificuldade do jogo e não tanto nos inimigos.

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  2. Fala Cosmão, beleza?

    Belo post.

    Gostei do que você destacou sobre a dificuldade. Não lembro exatamente por qual jogo passei por isso, mas cai como uma luva para a sua resenha: Faxanadu é o tipo do jogo que, apesar de ser difícil, a combinação treino-persistência recompensa o jogador.

    Um abraço!

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    1. Vou dizer, estou bem avançado no jogo e me surpreendendo cada vez mais. Meu herói já está com uma armadura quase completa, faltando apenas um capacete e as dungeons estão cada vez mais complicadas e desafiadoras.

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  3. Joguinho bizarro hein?
    Acho que nunca ia ter paciência para jogar. Mas achei bonita essa pérola escondida.

    Abç

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    1. Paciência é realmente um pré-requisito para qualquer RPG do NES, seja ele de ação ou de turnos hehehehe!

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  4. Esses jogos derivados do computadores japas feitos pela Falcom, Red e Microcabin são maneiraços mas não é pra todo mundo, cobra muito da paciência, aí já não é bem a dificuldade proposital, mas uma programação que ficou devendo fora o fator mãe diná. Hoje essa questão já se torna pastiche pra remakes ou jogos indies na cola dos clássicos visando um efeito de nostalgia com essas questões penosas. Boa recomendação, cara, depois confere o Romancia é bem nessa veia e pra NES também.

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    1. Eu joguei o Romancia antes desse e... deixa pra lá, levei um couro tão grande do jogo que desisti e nem sei quando vou ter coragem de pegar para jogá-lo denovo.

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  5. Bom, já adiantei no outro post que nunca joguei este. Mas lembro de ter visto imagens dele num passado distante e ter relacionado à Castlevania.
    Mas pelo que li do texto, me enganei... rs
    Agora pela descrição me parece que é o tipo de jogo que eu vou curtir bastante, sempre achei legal pacas esse lance de misturar elementos de RPG, exploração e ação em 2D.
    O que me deixa meio tenso é o sistema de passwords enormes... kkkkkk
    Muito bom o post!

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    1. Os pulos são bem frustrantes também, aprender a pular corretamente é só o primeiro dos desafios desse jogo hehehe!

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