quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Bomberman Wars (Playstation)



Bomberman Wars é um jogo praticamente desconhecido pelo mesmo motivo de tantos outros jogos: ficou exclusivamente no Japão, não tendo nenhuma tradução oficial por essas bandas. Mesmo assim, além de mim, conheço várias pessoas que jogaram e até terminaram, mesmo sendo uma versão completamente japonesa, sem nenhum resquício do idioma inglês. O por quê disso? É o que tentarei explicar nessa análise de um dos jogos de estratégia mais brilhantes e mais esquecidos também.


Pelas mãos de sua criadora Hudson, Bomberman Wars saiu em 1998, tanto para o Playstation como para o Sega Saturn, que foi a versão que joguei na época. Em meio à tantos jogos da franquia Bomberman, essa versão Wars é única por um motivo bem simples: ela é focada totalmente na estratégia, quase como se fosse um RPG tático, mas sem de fato ser um RPG. A história gira em torno de um rei, provavelmente de Bomber Land, que precisa destruir um vilão que raptou todas as pessoas de seu reino. Para tal, ele recruta mais 4 amigos e parte em sua jornada. Mas é quando se inicia a aventura é que tomamos consciência que não se trata de um bomberman tradicional, muito pelo contrário...

Bomberman Wars é um jogo tático no mais puro significado da palavra. Coloque uma bomba, espere alguns turnos e veja-a explodir na tela, nas quatro direções já bem conhecidas dos fãs da franquia. Ponto. É simples assim e genial por esse mesmo motivo. Como tratava-se de uma versão inteiramente japonesa, adivinhar o que cada opção fazia era uma tarefa cansativa e frustrante, mas, por algum motivo, naquela época tínhamos tempo e aprendíamos as coisas porque simplesmente gostávamos do jogo. Se fosse hoje em dia, jamais teria toda essa vontade. Então, no comecinho deste ano (2016), foi finalmente lançado um patch de tradução para o inglês da versão do Playstation. Finalmente poderíamos jogar Bomberman Wars em toda sua glória e dedicando mais tempo para aprender suas estratégias do que adivinhando as opções.

Enfim, o jogo se passa em diversas áreas de um mapa, 25 para ser exato. O objetivo é conquistar todas as 25 áreas e destruir os chefes, bem como o vilão final. Assim que terminar a etapa inicial (que mais serve para aprender na raça como funciona o jogo), você é transportado para o castelo do rei, onde temos várias opções de jogo. Aqui pode-se desde salvar o jogo, comprar itens e verificar sua tropa de soldados conseguidos, além de seguir pro mapa e de lá para a batalha. Tudo isso é feito controlando-se o próprio rei pelas diversas salas do castelo.



A batalha em si é o grande chamariz do jogo. Tudo nela gira em torno dos turnos, os quais vão sendo alternados entre o jogador e a CPU. Geralmente são 30 turnos por cenário, sendo que, ao fim deles, bombas caem do céu cada vez que um turno é trocado, dificultando mais ainda permanecer vivo! As batalhas se dão em arenas curtas, numa visão isométrica parecida com Final Fantasy Tatics, mas sem a possibilidade de girar a tela como no jogo da Square. O charme aqui é que cada personagem é diferente um do outro, podendo alguns andar mais espaços, jogar bombas mais distantes e ainda usar habilidades únicas. Esse é o diferencial que faz de Bomberman Wars um jogo de estratégia dos mais interessantes já feitos.



Assim que chegar o seu turno, você pode mexer com todos os seus personagens em batalha, posicioná-los e colocar bombas conforme quiser e puder. A movimentação de cada personagem somente se dá em quatro direções, sendo impossível andar nas diagonais.

Cada bomba colocada no cenário dura 5 turnos para explodir e aí está a graça e a estratégia: dependendo de onde coloque as bombas, a CPU vai tentar te encurralar também. Junte isso às habilidades de alguns personagens e você terá uma gama gigantesca de possibilidades. A regra é sempre a mesma: para vencer, basta destruir o rei do inimigo ou deixar apenas ele vivo. O contrário serve para coroar a sua derrota também.

Abaixo, deixei uma lista dos personagens e algumas notas sobre seus atributos (que são RANGE e MOVE, além do SPECIAL) só pra vocês terem uma base do quão profundo é o jogo da Hudson. Alguns deles representam as classes clássicas de RPGs, como magos e cavaleiros, mas aqui são diferenciados pelo alcance das bombas (range), espaços que conseguem andar (move) e habilidades únicas (specials). Aí vão eles:

King Bomber - esse é o rei e deve ser protegido à todo custo, afinal, se explodirem ele, você perde a partida automaticamente, não importa quantos e quais personagens ainda estejam vivos. O rei pode soltar bombas em até 2 espaços e anda apenas um espaço por vez. Não possui habilidade alguma.


Cleric Bomber - funciona como o mago branco de RPGs, mas aqui ele tem a habilidade de atrasar o turno de uma bomba com a magia Pray (que tem alcance de 8 espaços!). Além disso, por ser um personagem de suporte, pode andar e colocar bomba em apenas um espaço por vez.


Witcher Bomber - a bruxinha personaliza o mago negro, responsável em jogos de RPG geralmente por magias de ataque. No caso de Bomberman Wars, a principal característica dela é poder colocar a bomba em até 3 espaços de distância, podendo assim armar estratégias e escapar com facilidade, mesmo com seu move de 1.



Fairy Bomber - a principal habilidade dela, por ter asas, é voar sobre espaços com água ou lava, facilitando e muito sua locomoção. Por essa mesma habilidade, é um personagem interessante para armar estratégias e sair ilesa do local, até porque seu move é de 2 pontos.



Thief Bomber - a única vantagem desse personagem e a sua locomoção (move 3). Fora isso, seu range com bombas é apenas 1, o que o limita bastante. Use-o geralmente para explodir blocos e pegar itens.



Archer Bomber - como podem imaginar, sua habilidade especial vem das suas flechas, que tem 3 espaços de alcance e diminuem um turno ao acertar alguma bomba.

Monk Bomber - esse personagem tem a habilidade de chutar outros personagens na batalha, sejam aliados ou inimigos. O chute desloca o inimigo/aliado em um espaço na direção de onde o Monk estiver olhando. Pode parecer irrisória, mas essa habilidade permite traçar algumas boas estratégias, principalmente em personagens mais lentos.



Fighter Bomber - é talvez o personagem mais balanceado e sem nenhuma habilidade para isso. Seu range e move de 2 pontos garantem uma boa velocidade de locomoção, além de um ataque bem interessante.


Giant Bomber - por ser enorme, sua habilidade é a de carregar, tanto bombas quanto inimigos/aliados, e posicioná-los em outro espaço próximo à ele. Além disso, seu range 2 garante um bom ataque, unido à sua habilidade, fazem do Giant Bomber um excelente aliado, principalmente em espaços e cenários apertados.




Ninja Bomber - sua habilidade consiste em saltar obstáculos no cenário, podendo transpor facilmente blocos de pedra e buracos. Por essa facilidade de locomoção, é um inimigo bem difícil de ser vencido.

Paladin Bomber - com uma locomoção de 2 pontos e sua habilidade Pray (igualmente ao Cleric), é uma ótima opção para estratégias em arenas mais apertadas e com toda certeza substitui facilmente o Cleric.



Hero Bomber - disponível apenas na batalha introdutória, é uma das unidades mais fortes do jogo, com 3 pontos para cada atributo.



Prince Bomber - este é um personagem secreto do jogo, com uma boa movimentação (move 3) e ataque (range 2), mas só é conseguido mediante um truque. Após ter vencido 10 fases, remova todas as suas unidades, entre em Traning Grounds, saia e entre novamente. Após isso, o personagem vai estar selecionável na tela de seleção de guerreiros.


Bishop Bomber - esse é mais um personagem com a habilidade Pray, dessa vez com um range maior (2 pontos) e apenas um espaço de locomoção. É outra alternativa interessante ao Cleric.


Bomber Musashi - é um personagem com atributos mínimos (1 para cada), mas com uma habilidade única: seu Quick Cut reduz o contador de uma bomba para 1, explodindo logo que o jogador encerrar o turno. Essa habilidade é uma das mais apelativas e necessárias em fases adiantadas, principalmente chefes. Portanto, ter o Bomber Musashi no time é imprescindível lá perto do final!


Como podem notar, Bomberman Wars tem uma vasta seleção de personagens e maioria deles vai sendo recrutada conforme o jogador vence batalhas. Além destes, ainda existem a Honey e o Kotetsu, exclusivos do modo versus do jogo e que são destravados após terminar o Quest Mode uma vez. Cada personagem pode lançar apenas uma bomba por vez, tendo que aguardar ela explodir para poder lançar outra, à menos que você compre algum item específico na loja ou encontre outro no cenário. Muitas vezes você pode destruir blocos do cenário para encontrar os itens clássicos da série, como aumentar o poder de fogo da explosão, número de bombas a serem colocadas por personagem, montarias, etc.


As montarias foram reduzidas à apenas duas, mas ainda existem no jogo e quebram um enorme galho quando encontradas. Além de permitirem que seu personagem não morra instantâneamente numa explosão, elas permitem andar mais livremente pelo cenário, saltando obstáculos e buracos pelo caminho. Moedas dão mais dinheiro pra gastar na lojinha, enquanto os relógios aumentam o número de turnos do cenário.



Bomberman Wars tem ótimas músicas e efeitos sonoros por todo lado. Cada personagem dá um berro diferente ao lançar uma bomba ou morrer numa explosão e isso insere uma identidade interessante ao jogo como um todo. As músicas do jogo são ótimas, desde temas de batalha quanto em menus. O tema do castelo, enquanto gerenciamos itens e perambulamos por ele é um clássico instantâneo do jogo.


Apesar do foco do jogo ser seu modo história, ele ainda conta com um modo versus bem interessante. A principais opções estão lá, como tipo de oponente (COM ou MAN), nível de dificuldade da CPU, número de partidas para vencer, escolha de personagens e da arena. O que pode pegar aqui é a duração de cada batalha, que pode demorar bastante. Haja vista que poucas pessoas tem paciência para jogos desse tipo, encontrar um oponente é meio difícil pra esse jogo.



No geral, Bomberman Wars é um jogo para um público diferente, seletivo e, talvez por esse motivo, a Hudson tenha optado por não trazê-lo para este lado do mundo de forma oficial. O game tem uma levada lenta, cadenciada, onde gerenciar cada jogada muitas vezes diferencia o perdedor do vencedor. Um mísero movimento errado pode por em risco a vida do seu rei, uma característica que leva muita gente à associar o jogo à uma partida de xadrez. É preciso paciência e calma para jogar Bomberman Wars, principalmente em suas fases finais, onde a dificuldade da CPU é tão elevada que vai com certeza te tirar do sério. Alguns chefes tem tantas habilidades especiais, como teleporte e bombas relógio que vão ser um desafio e tanto para os mais insistentes!

Resumão:
+ ótimo visual;
+ trilha sonora impecável;
+ dificuldade entre média e alta, dependendo mais da sua habilidade e estratégia;
+ variedade enorme de arenas e de personagens com habilidades diferentes;
- podia ter opção de rotacionar a tela, como em Final Fantasy Tactics;
~ você pode baixar o patch neste link aqui (requer cadastro) e aplicá-lo na ISO com o programa Beat;

Final Score: 9.0

5 comentários:

  1. Tinha visto esse jogo para Saturn restrito ao Japão, inclusive é propagandeado num dos comerciais do Segata Sanshiro. Bom saber que saiu uma tradução pro PSX. Foram bem criativos em mesclar dois gêneros distintos. Nessa pegada mais diferente do modo original, só lembro de um action rpg pra GBA.

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    1. Infelizmente a Hudson deve ter achado que não iria fazer sucesso por aqui. A ironia é que conheço muita gente que fechou o jogo japonês mesmo, porque é viciante!

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  2. Revendo aqui o comercial, era sobre o Bomberman Fight!! Pelo visto, saiu uma penca de jogos da série pro aparelho.

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    1. Esse Bomberman Fight é outro que ficou restrito no Japão, exclusivo do Saturn. Qualquer hora quero experimentar ele.

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  3. http://www.romhacking.net.br/forum/topico/ps1-bomberman-wars/

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