domingo, 9 de janeiro de 2011

Mônica no Castelo do Dragão / Wonder Boy in Monster Land (Master System, Arcades)


Poucos personagens brasileiros fizeram tanto sucesso em jogos como a Mônica e sua turma, personagem criado por Maurício de Sousa. Além de estrelar diversos outros produtos, em 1991 a Sega/TecToy nos brindava com sua versão brasileira de Wonder Boy, agora com a menina dentuça como protagonista: assim nascia Mônica no Castelo do Dragão.

Talvez essa seja a maior (e única) representante brasileira nos games. Apesar de ser um jogo modificado do original Wonder Boy in Monster Land (assim como as versões consequentes), a versão brazuca conquistou os fãs e fez do jogo uma espécie de símbolo do Master System na época.

Na verdade, pouca gente sabia da existência das versões originais dos jogos por essas bandas, já que a TecToy lançou apenas as versões localizadas brasileiras por aqui. Wonder Boy in Monster Land (o jogo original) era raro de se achar em locadoras, e esse talvez tenha sido mais um motivo pra Mônica ter ficado famosa nos games.

Mas, vamos voltar um pouco no tempo e conhecer também a versão que deu origem à esta, o jogo original dos arcades.


Em 1987, a Sega lançava Wonder Boy in Monster Land, um jogo da Westone que misturava plataforma com RPG de uma forma bem única pra época. Jogávamos com o Tom-Tom (que nome, QUE NOME!), aquele mesmo moleque que só sabia pular e andar de skate no primeiro game de 1986, só que desta vez podíamos equipar nosso personagem até transformá-lo numa máquina de guerra. Ou quase isso.

a diferença já começa na abertura, um belo trabalho da Tec Toy
uma pena que o Capitão Feio não apareça no jogo realmente, 
mas isso foi consertado na terceira versão...

Tendo vários elementos de RPG misturados ao jogo, a franquia acabou por se tornar uma das mais famosas dos consoles da Sega, tendo seu fim no Mega Drive com Wonder Boy 6 (que por acaso a protagonista é uma menina também). A missão de Tom-Tom nesse segundo game é salvar a terra dos monstros do perverso Meka Dragon. Já no Master System, a coisa foi adaptada pra que o Capitão Feio fosse o vilão no game, que pretendia espalhar sujeira pelo mundo todo.

Mônica ainda desarmado e Tom-Tom esfaqueando uma cobra gigante

O detalhe é que ele nem aparece, à não ser na tela inicial, o chefe final é o Dragão Cospe Fogo, inimigo clássico que acabou virando figurinha carimbada na época. Ambos os jogos dividem os mesmos itens, personagens e enredo, somente com algumas modificações em sprites, no texto, gráficos ou algum outro inimigo.

A versão do Master System, óbviamente, é a mais fácil de ser terminada, mesmo sem existir continues. Controlamos Mônica com seu Sansão destruindo inimigos, coletando moedas, itens, conversando com NPC's, levando informações e pulando muitas plataformas.

Em várias partes do jogo existem lojas que vendem desde botas até armaduras e escudos, portanto juntar dinheiro aqui é de extrema importância. No arcade não é diferente, visto que tudo também é vendido e é preciso saber comprar as coisas certas na hora certa, ou vai chegar no final com um armamento escasso. E é aí que mora TODA a dificuldade E o charme do jogo.

um dos chefes que também existe na versão brasileira

Apesar de nos arcades a coisa ficar realmente difícil em determinados momentos (malditos chefes finais), no Master System não é muito diferente. Alguns chefes dão um certo trabalho sim, algumas fases são mais chatas que as outras, mas a verdadeira dificuldade do jogo é juntar grana pra comprar tudo que aparece pela frente.

Inimigos normais deixam moedas ao morrer, mas apenas uma vez. Na segunda vez que são mortos deixam apenas itens que valem pontos. Para talvez suprir isso, existem algumas portas escondidas que levam à chefes secretos, que podem aumentar seu poder de ataque (com uma nova espada, no caso do arcade) ou te encher de moedas, possibilitando comprar aquela armadura de aço tão necessária. Em alguns locais, só de pular ou passar as moedas saltam e sacos de dinheiro pulam, saber onde ficam esses lugares pode ser crucial às vezes para juntar uma boa grana.

inventário na versão do Master System

O visual de ambas as versões são ótimos, dadas as devidas proporções. No arcade temos mais detalhes de fundo, alguns inimigos diferentes e um layout de fases mais amplo. No Master a coisa ficou menor e sem tantos detalhes, mas o jogo continua muito simpático e simples de se jogar. Temos apenas dois botões, de pulo e ataque, além de soltar magias com baixo + pulo, no caso do Master e apenas pra baixo no caso do arcade. O menu de itens fica sempre exposto no arcade, do lado esquerdo da tela, enquanto que no Master é preciso apertar pause para ver os itens que já pegou.

Uma das coisas bacanas do jogo é que seu personagem vai sendo modificado conforme vai comprando itens e armamentos pra ele. No Wonder Boy começamos praticamente de cuecas (ou aquilo é uma fralda?) e ganhamos a espada na primeira portinha do jogo. Assim que se compra novas botas, armaduras e escudos, isso tudo vai surgindo no personagem, como se ele realmente estivesse equipando tudo.

os NPC's nas lojas e hospitais são quase os mesmos

A Mônica, por sua vez, vai mudando as cores do vestido conforme a "armadura" comprada, além de também usar um escudo e botas. Isso tudo deu um ar de realidade ao jogo na época, e é algo que muitos produtores "esqueceram" tempos depois nos outros consoles.

E os equipamentos realmente fazem a diferença aqui! Espadas mais fortes destroem mais rápidos os inimigos, armaduras deixam seu personagem mais resistente à ataques, escudos mais fortes aguentam mais projéteis e as botas permitem saltos mais longos e mais rapidez nos movimentos. A primeira vez que se compra uma bota a diferença é gritante, a última bota então te faz quase voar pelo cenário.

Outros itens são apenas secundários, como o capacete que lhe aumenta a defesa, a luva que aumenta o ataque, o leque te faz invencível, as botas voadoras para planar por alguns segundos e outras coisinhas. Por fim temos o terceiro escalão de itens, que servem apenas para juntar pontos. Pra que servem os pontos? Essa é uma excelente pergunta...

O jogo te dá apenas uma "chance", caso morra: a poção mágica. No Master System, o item é dito como poção de limpeza, que repõe a energia da Mônica toda vez que é zerada (é como se ela tomasse banho pra limpar a sujeira do Capitão Feio), nos arcades a coisa é mais normal mesmo e serve como uma vida extra. Tal item pode ser achado com alguns inimigos, mas são raríssimos. É mais fácil dar game-over do que achar essa maldita poção. Na versão arcade temos o famoso continue, gerado claro pelas famosas fichas.

E por falar em chances, conheço MUITA gente que não conseguiu terminar o jogo por conta de uma fase somente: o labirinto final. Acontece que, se você seguir todas as pistas, entregar os itens pros personagens nas cidades corretas, é possível escolher entre dois itens perto do final: um sino e uma pedra preciosa.

Com a tal pedra fica mais fácil derrotar o Dragão Cospe Fogo, já o sino te ajuda a sair do labirinto final com mais facilidade. O problema é que, se errar a saída de alguma tela do labirinto, isso pode se tornar uma tremanda dor de cabeça. É uma verdadeira confusão de corredores, salas e fossos onde uma mudança errada de tela te joga pro começo do labirinto denovo. E dá-lhe paciência pra passar por tudo isso de primeira...

As músicas do jogo são simples e carismáticas. Todas acabam se repetindo vez ou outra, mas não cansam como a maioria dos jogos que utilizam esse esquema. Algumas viraram até clássicos e foram mantidas em outros jogos da série Wonder Boy. Os efeitos sonoros são simples também, claro que mais "complexos" na versão arcade, mas não fazem feio no Master System também.


Wonder Boy in Monster Land e Mônica no Castelo do Dragão são jogos bem bacanas até mesmo pros padrões atuais. Com tanta imersão empregada pelos RPGs atuais, como Oblivion ou Dragon Age, jogar um jogo dessa época acaba sendo até um alívio por conta da simplicidade do mesmo. Nada de menus enormes, um monte de item inútil ou coisas desse tipo, apenas você e sua espada vão dar conta do trabalho.

Ou, no caso da Mônica, seu pesado coelhinho Sansão.

Resumão:
+ gráficos ótimos nas duas versões;
+ dificuldade balanceada;
+ TecToy fez um ótimo trabalho;
- muitos dos itens indispensáveis são caríssimos, o que te obriga a economizar às vezes;
- alguns chefes são praticamente impossíveis de serem vencidos no arcade;

Final Score Master System: 8.0
Final Score Arcade: 8.0

8 comentários:

  1. Eu sou um que demorou a saber que o Monica é um "hack" do Wonder Boy. Aliás, concordo com muita coisa que vc falou, mas não com a nota final. Achei o game repetitivo e até chato em alguns momentos, sem contar que é meio difícil. Não tive paciência de jogá-lo até o fim.

    Achei o Turma da Monica em O Resgate (também para Master System) e o Monica na Terra dos Monstros (Mega Drive) bem melhores.

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  2. @Thanos
    Concordo com o que vc disse sobre a dificuldade, realmente tem horas que a paciência vai pro ralo com o jogo.

    Sobre a Turma da Mônica em O Resgate, eu tinha o cartucho original com manual e tudo, foi um dos jogos que mais joguei no Master System, qualquer hora eu faço um retronado caprichado dele.

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  3. Esse wander Boy tá com uma cara de Chico Bento.
    Parceria?
    http://buggamer.blogspot.com/
    http://sonicknucklesblog.blogspot.com/

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  4. Gostei muito do post. Vai postar sobre o "Turma da Mônica na Terra dos Monstros"? Ou o post já existe?

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  5. @Juliana
    O jogo da Turma da Mônica que vc se refere não é o Turma da Mônica em O Resgate? Caso seja, já comecei um Retronado completo do jogo, com duas partes já postadas: http://shugames.blogspot.com/2011/01/retronado-turma-da-monica-em-o-resgate.html

    Caso você se refira à versão do Mega Drive, apenas a versão original (Wonder Boy in Monster World) foi postada, aí vai o link: http://shugames.blogspot.com/2010/02/wonder-boy-in-monster-world-mega-drive.html

    Espero ter ajudado :D

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  6. Esse jogo é o bicho velho...

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  7. O jogo Mônica no castelo do Dragão, é massa e eu tinha ele... massa

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  8. Gostaria mto de saber se existe um site onde eu possa jogar esse jogo gratuitamente. Alguem sabe se existe? E qual o nome?

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