Psychic World (Master System)

Certo dia, cansado de alugar sempre as mesmas fitas para Master System, eis que me vejo numa difícil situação em alguma locadora daqui da minha cidade. Situação essa que muita gente já passou na época: "com qual jogo vou passar o sábado e o domingo?". Como já estava meio saturado de Sonic, Alex Kidd e tendo jogado uma enorme gama de jogos do consolinho de 8 bits da Sega, foi como uma agradável surpresa que surgiu a capinha convidativa de Psychic World: uma moça com trajes futurísticos, fugindo em corredor de um monstro de três cabeças... Soou parecido com Phantasy Star, não?

Pois é, foi a impressão que tive também, pelo menos até ver o ACTION estampado no cantinho da capa, uma característica dos jogos do Master System. E foi um pouco desse action quem acabou fazendo me decidir a levar o game...


Psychic World conta a história de Lucia, Cecile e Dr. Knavik, que trabalhavam sossegadamente em algum lugar do cosmos cultivando experimentos com monstros quando, como sempre, alguma coisa dá errado. Tal coisa, que por sinal fazia parte dos experimentos, escapa e acaba por levar Cecile com ela. Dr. Knavik pede para que Lucia vá salvar sua irmã e lhe entrega o ESP Booster, uma espécie de tiara com poderes psíquicos que podem ajudar a guerreira na batalha que virá pela frente.

A graça de Psychic World está justamente nesse acessório. Através dele, é possível acessar os diversos poderes que ajudam Lucia durante a jornada. Tais poderes são ganhos conforme o avanço do jogador, alguns estão perdidos nas fases mas, a maioria deles está com os chefes.

São eles:

Psionic Blast: a arma padrão de Lucia, pode ser evoluído conforme se encontra mais símbolos dele pelo jogo;
Ice Blast: forma pedras de gelo apenas onde está marcado no fundo da tela;
Fire Shot: desfaz as pedras de gelo formadas pela Ice Blast e atinge inimigos também;
Sonic Wave: poder baseado no vento, que também pode ser evoluído e serve pra destruir alguns blocos no jogo;
Explosion: o famoso poder que destrói tudo na tela;
Restoration: além de encher um pouco a energia, também dá invencibilidade temporária;
Restart: ficou preso na fase? use o poder e volte ao início;

essa plantinha é o primeiro sub-chefe
ao lado, o poder Restart, já no comecinho do jogo, sobre a pedra

No hud de Lucia temos, além da energia, a barrinha verde que corresponde, à grosso modo, ao MP dela, gasto quando se usa um dos poderes. Para usá-los, basta apertar o botão de pulo e o direcional pra baixo. Lucia ainda tem a habilidade de correr, bastando segurar o direcional numa direção por alguns segundos, o que às vezes pode atrapalhar os saltos.

o primeiro chefe, que por sinal está na capa do game e uma fase no vulcão

Toda essa funcionalidade do jogo traz ao jogador diversas possibilidades durante a fase. É possível, por exemplo, atravessar um fosso inteiro de lava usando o Restoration, ou limpar a tela dos inimigos mais chatos com o Explosion. Nas fases de gelo a interatividade é maior ainda quando Lucia precisa formar plataformas de gelo para alcançar saídas e itens nos lugares mais altos. Montou a plataforma no lugar errado? Fogo nela e comece tudo denovo! Simples e genial.

ponte quebradiça, correria total na reta final do vulcão
à direita, o comecinho da fase no gelo

A dificuldade do game varia entre os chefes, que muitas vezes requerem o uso inteligente dos poderes conseguidos ou até mesmo no uso deles para poder escapar de alguma tela ou fase mais difícil. A maioria dos estágios são simples no começo, com apenas saídas à direita, mas, conforme as fases avançam, lugares de difícil acesso ou que requerem o bom uso dos poderes disponíveis acabam arrancando os cabelos de muita gente. Experimente chegar no labirinto final (que, por sinal, é o da capa) e entenderá o que eu digo.

formar cubos de gelo é o que mais você vai fazer nessa fase...

No mais, gráficos excelentes e música contagiante, cortesia de uma época de ouro dos jogos. Apesar de meio desconhecido, aos poucos o pessoal vai conhecendo e comprovando que Psychic World é uma jóia rara entre os jogos de 8 bits. Um game desse potencial merecia um remake ou até mesmo uma continuação no Mega Drive, coisa que infelizmente nunca aconteceu.

o chefão do gelo requer habilidade pra montar os bloquinhos
na telinha da direita, o começo da quarta fase com um pequeno puzzle...

Resumão:
+ gráficos caprichados;
+ músicas grudentas, no bom sentido;
+ desafio inteligente e na medida;
+ a variedade de poderes e o uso dos mesmos;
- poderia ser maior;

Final Score: 8.5