Hoje vou falar de um jogo que me conquistou como poucos. Um jogo em que, se formos analisar profundamente, pode nos dar várias direções de interpretação de seu enredo, ou vários sentidos, como desejarem. Um game que, pra época em que foi feito, não poderia ser de outra forma, afinal, estávamos começando a era dos 16 bits, com o SNES praticamente nascendo. Não bastam elogios para seus gráficos, para sua jogabilidade inovadora ou para suas músicas fenomenais. Mas o que mais chama atenção realmente, a cereja do bolo como alguns dizem, é seu enredo.
Mas que enredo? Você começa conversando com um anjo, que joga na tua cara toda a situação em que se encontra o planeta, e te pede para recuperar teus poderes e varrer todo o mal que o assola no momento. E quem é você? Você é DEUS! Em Actraiser, não somos apenas um guerreiro, um anjo, ou um herói, encarnamos Deus em várias formas, desde um bravo guerreiro em terreno inimigo, até em um simples anjinho que realiza milagres climáticos afim de ajudar seu povo e reconquistar a fé do mesmo. Actraiser é assim, é um misto de adventure, com ação e simulação nas doses certas.
O inimigo tem nome: Tanzra, o demônio que selou seus poderes e está tomando conta de tudo e de todos. De cara já vemos que não é um inimigo comum, ele ROUBOU OS PODERES DE DEUS! Referências bíblicas estão por toda parte (tanto hoje em dia, quanto no passado), mas nenhuma delas foi tão bem representada (sem ser ofensiva à lado algum), ainda que de forma camuflada (e muito bem camuflada, diga-se de passagem), em um jogo como em Actraiser.
Controlamos Deus, que faz uso de um avatar guerreiro para reaver seus poderes, que foram roubados por um demônio. E, se foram roubados, logo o demônio é, no mínimo, invejoso. E a inveja, pra quem já leu parte, ou sabe mesmo que seja pouco da Bíblia, sabe que Satanás foi um anjo invejoso, e que por isso foi destituído de seus poderes por Deus. Ele se rebelou e criou o inferno, atraindo legiões de outros demônios para se vingar de Deus, provocando catástrofes, doenças, fome e miséria no ser humano. Perceberam as semelhanças, mesmo que sutis?
Enfim, não quero transformar isso aqui em uma espécie de postagem teológica, mas o jogo de hoje é diferente e pede que entremos, mesmo que de longe, nesse assunto envolvendo religião. Afinal, essa foi a intenção dos produtores. Ou não. A série, que começou em Actraiser e acabou em Terranigma, tem muito conteúdo discutível, muitas teorias, personagens e referências bíblicas que daria pra passar um dia todo discutindo isso. Estou divagando, vamos voltar ao jogo em si.
Actraiser apresenta gráficos muito bem feitos. Desde a modelagem de cenários até de inimigos, passando pelo próprio guerreiro e toda a parte de simulação, tudo é muito caprichado e convincente. Os efeitos de rotação ao entrar em cada fase também são de encher os olhos, principalmente na época, algo inovador e ousado pra um 16 bits.
gráficos detalhados nos vários modos de jogo de Actraiser
A ação em Actraiser rola em etapas muito bem descritas: primeiro, é preciso escolher o cenário onde se pretende investir. Depois, descemos com o nosso guerreiro até lá, limpamos a área dos inimigos e vencemos um sub-chefe. Com a região livre de demônios, as pessoas começam a surgir. Agora, já na tela de simulação, precisamos destruir os inimigos que se aproximam das pessoas, para que vivam em paz. Para isso controlamos o anjinho com suas flechas, livrando as pessoas e limpando toda a região enquanto progride. Depois de evoluir, é hora de enfrentar o chefão da fase. Tudo isso soa meio mecânico e entediante, mas, acreditem: o jogo vicia de tal ponto a só parar de jogar após conquistar toda aquela região do mapa.
o primeiro chefe, esse minotauro enorme
matá-lo não é difícil, mas requer paciência e estratégia
Os controles respondem muito bem, mesmo que sejam meio duros no modo de ação. O guerreiro tem comandos básicos como saltar, atacar, atacar saltando e se abaixar. Algumas magias estão presentes, mas são ganhas conforme a evolução do game. Presentes dados por pessoas também podem influenciar de modo positivo em alguma etapa, facilitando o trabalho.
Em muitos momentos, as pessoas vão até os templos orar e pedir sempre por algum milagre, ou destruir algumas árvores para limpar o terreno (para fazerem plantações), ou para soltar uma chuva, ou para livrar algum lugar dos demônios e outras coisas típicas. Aliás, tudo naquele tempo parece que era mais simples, Deus parecia se manifestar de forma fácil e evidente. Em outros momentos, eles vem oferecer coisas que acharam (itens), agradecer ou simplesmente contar algum sonho que tiveram, sendo que tudo isso tem a ver com o que realmente vem pela frente.
os humanos interagindo com seu deus, ou seja, você
ao lado, o anjinho destruindo demônios no modo simulação
Uma das coisas interessantes são os itens ganhos das pessoas: muitas vezes, um item ganho na primeira cidade pode ser útil na segunda, como o conhecimento para se fazer pontes, por exemplo. Em Bloodpool ninguém sabe como fazê-las, mas, ao terminar Fillmore, terá o conhecimento e poderá "doá-lo" à população, permitindo que as pessoas façam algo que ainda não sabem, evoluindo com isso. As nuances com a criação do mundo são tão chamativas que é impossível não citá-las aqui.
o mapa do game com as regiões, pode-se escolher onde jogar, mas saiba que algumas só ficam totalmente disponíveis quando se consegue alguns itens
Em um determinado momento, sua civilização precisa evoluir e é hora de indicar por onde ela deve crescer. É preciso encher toda a tela de casas e fazer os humanos evoluirem ali. E tudo é feito por menus bem simplificados, uma das coisas que realmente chama a atenção no game. Quando conseguir uma certa quantia de pessoas na cidade, você evolui, ganhando mais HP pra lutar contra os monstros. Assim que completar a cidade e selar os ninhos de monstros, é hora de enfrentar a segunda fase de ação, com direito ao chefe do lugar.
Para cada local no mapa, é quase a mesma coisa que rola. As diferenças vão acontecendo no enredo e em como a população local lida com os problemas e se relaciona com você. Alguns chegam a sonhar com monstros, geralmente chefes do local, dando uma prévia do que está por vir. É um jogo realmente diferente e encantador, algo raro de se achar nos dias de hoje. O grande lance de Actraiser, no final das contas, não fica pras fases de ação e sim, pro modo simulação e toda a interatividade entre ser humano e seu Deus. E é algo ainda mais surpreendente se formos analisar pela época em que foi lançado.
Pra finalizar, eu gostaria de pedir à todos que gostam de um bom jogo, inovador e diferente, que joguem Actraiser até o fim. Não se vençam pela dificuldade das fases de ação, geralmente algum chefe mais difícil é vencido após decorar seus movimentos e executar alguma estratégia de saltos e ataques. Lhes garanto que o final deixará muitas perguntas na sua cabeça, como deixou na minha na época...
Resumão:
+ gráficos bacanudos cheios de efeitos;
+ músicas, afinal, Koshirão foi quem compôs;
+ enredo extremamente cativante e diferente de tudo;
- o controle do guerreiro pode apresentar alguma falha;
Final Score: 8.5
Me parace ser um bom jogo .
ResponderExcluirO jogo é realmente muito bom, mas eu gostei mais do 2° jogo da série, pois tem mais ação, emoção, o ambiente junto da trilha te deixa muito mais envolvido, mas o enredo do 1° game da série faz com que os dois sejam ótimos
ResponderExcluirSeria bom se você falasse sobre o 2
By : Nick
Eu, um dia, ainda vou jogar esse jogo até o final... Parabéns pelo post...
ResponderExcluirActraiser é um clássico da era 16-bits pelo lado do Super Nintendo, lembrando que Yuzo Koshiro que fez a trilha sonora de Actraiser, ou seja só o ouro!!
ResponderExcluiresse jogo é muito difícil mas vale a pena uns dos jogos mai difíceis do snes tirando o out of this word
ResponderExcluirMais uma obra prima do Super Nintendo! Saudades u.u
ResponderExcluirCheguei no Tanzra, parei de jogar, você já penava pra ganhar os bosses normais, vencia com o hp baixíssimo, dai no final boss você precisa enfrentar um por um sem recarregar o hp! Pelo amor! Apelação demais!
ResponderExcluirMas em si o jogo é muito bom
Cada chefe tem uma manha pra ser vencido, seja um local correto onde ficar pra não levar dano, seja a hora certa de bater e de correr. O problema é que, quando eles voltam antes do último chefe, eles estão bem mais rápidos e é preciso matar todos com o mesmo HP. As magias aqui são de enorme utilidade, convém guardar pra gastar aqui.
ExcluirTô jogando esse jogo é estou achando bem legal
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