quinta-feira, 25 de junho de 2015

Castlevania (NES)


Castlevania é um daqueles jogos que entram no rol dos games que mais exigem precisão do jogador. Apesar de fazer parte da seleta lista de jogos do NES que são responsáveis pela maioria das frustrações das crianças nos anos 80, eu diria que esse primeiro Castlevania é um jogo, acima de tudo, que exige mais técnica do que qualquer outra coisa do jogador.

 Claro, é preciso ter habilidade no controle do Simon, mas saber explorar as brechas que o cenário e os inimigos dão são a chave em alguns locais bem críticos do jogo. E, de locais críticos, esse primeiro Castlevania está cheio.





Castlevania foi idealizado e produzido pela Konami, nos seus áureos tempos dos 8 e 16 bits. Lançado em 1986 para o Famicom Disk System e portado no ano seguinte em cartucho pro Famicom, o game traz à tona toda uma gama de personagens e histórias que, futuramente, selariam o nome Castlevania na história dos videogames.

Uma curiosidade que vale mencionar aqui é que, apesar da série ser comumente creditada ao lendário Koji Igarashi, sabe-se que ele apenas começou a participar realmente das caçadas vampirescas de Castlevania no renomado Symphony of the Night (PS1, Saturn e demais relançamentos), onde atuou como programador de cenários e assistente de diretor. O game ficou mundialmente famoso por misturar a exploração vista na série Metroid com os calabouços e temática da série Castlevania, originando um termo que é bastante usado até hoje, o "metroidvania". De quebra, associou-se o nome do Iga à série Castlevania assim como Miyamoto ao Mario e Zelda.



Enfim, curiosidades à parte, a história gira em torno do personagem icônico Simon Belmont, um caçador de vampiros que usa um chicote para estraçalhar suas vítimas, com a missão de destruir o grandioso Drácula, que resolve ressurgir a cada cem anos. Nessa nobre missão, controlaremos Simon pelos mais variados cenários da Europa medieval, bem como castelos em ruínas, calabouços, fossos escuros, florestas úmidas e cemitérios abandonados. Todos os ambientes são populados por criaturas grotescas bem conhecidas de várias mitologias, como esqueletos, harpias, medusas, múmias, zumbis e etc. E, se os inimigos são em um número enxuto no game, o mesmo não pode ser dito das fases, uma mais bonita e diferente da outra.



Como eu disse, Simon usa um chicote como arma principal no jogo inteiro. É através dele que, na maior parte do tempo, despedaçamos inimigos, chefes, quebramos blocos e destruímos velas do cenário para encontrar os mais diversos itens. Além do chicote, Simon também faz uso de diversas armas secundárias, que se tornariam padrão nos jogos da série futuramente. Tais armas gastam corações para serem usadas, uma diferença que fez muita gente ficar meio perdida quando conheceu o game, afinal, corações eram sinônimo de energia extra, não de "munição" em jogos de plataforma. Fiz uma pequena listinha de cada item que pode ser encontrado, sua descrição e quanto gasta de corações para facilitar a explicação mais adiante:

Coração pequeno: adiciona um coração ao seu montante;

Coração grande: soma mais 10 corações ao seu inventário;

Upgrades para o chicote: com um upgrade, ele se torna uma corrente; com o segundo upgrade, é adicionada uma bola de espinhos na ponta da corrente, aumentando seu alcance e seu dano também;

Mutiplicadores II e III: esses itens permitem usar dois ou três armas secundárias seguidas, sem ter que esperar que a mesma saia da tela para usar a próxima;

Sacos de dinheiro / tesouros: adicionam pontos, podem ser encontrados em velas, mas os mais valiosos dependem que Simon esteja no local correto do cenário (abaixado ou em pé). Vale dizer também que a cada 30 mil pontos o jogador ganha uma vida extra, portanto, juntar pontos em Castlevania é uma tarefa bem interessante;

Spirit Orb: é dado ao jogador sempre que ele derrota um chefe. Muitas são as lendas em torno da Spirit Orb e seu exato desempenho na história do jogo, mas sabe-se que ela guarda a alma do chefe destruído;

Agora vou listar as armas secundárias e algumas particularidades sobre as mesmas.

Faca (gasta 1 coração): é a arma mais simples, usando-a com o multiplicador III dá pra apelar bastante contra chefes grandes;

Machado (gasta 1 coração): única arma que ataca na vertical, ótima para acertar inimigos que voam ou que estão no alto;

Relógio (gasta 5 corações): trava o tempo por três segundos, o que é bastante útil para escapar de emboscadas, mas é o item que mais gasta corações;

Cruz (gasta 1 coração): a cruz vai e volta, como se fosse um bumerangue, bem útil pra pegar inimigos atrás de você, salvo se ela bater em algum escudo;

Água Benta (gasta 1 coração): de longe, a melhor e mais apelativa arma do jogo! Simon joga uma garrafa no chão, que pega fogo e se mantém ali por alguns segundos antes de sumir, consumindo energia de qualquer inimigo que toque aquilo;

Como podem notar, Castlevania, apesar de ser um jogo de 1986, ele é bastante variado nas formas de ataque. O mesmo não pode ser dito das formas de esquiva e do pulo controverso do personagem principal. Pular com Simon em Castlevania é uma arte, seja dito. Isso porque seu salto não pode ser corrigido no ar, como acontecia comumente em vários jogos da época. Esse pequeno e crucial detalhe é talvez o responsável pela maior dificuldade do jogo: controlar adequadamente Simon. Um simples salto mal calculado numa plataforma móvel ou não, pode resultar numa queda para morte.



Outra característica que levou muita gente ao delírio de tanta raiva é o recuo do personagem ao ser atacado. Assim que Simon recebe qualquer tipo de ataque, esteja ele no ar ou em solo, o mesmo vai dar um recuo pra trás. Esse recuo não seria tão traumático se os programadores não colocassem inimigos em locais estratégicos, como as medusas voando em blocos soltos no ar. Nesses locais, aprender o padrão de movimento dos inimigos para poder desviar ou atacar com precisão é fundamental.



Falando em atacar, os ataques com seu chicote também são meio limitados em Castlevania. Simon pode apenas atacar parado, pulando ou abaixado. Nada de atacar nas diagonais ou para cima, como estamos acostumados atualmente em jogos mais modernos. Aliás, essa característica foi finalmente incluída na série à partir de Super Castlevania IV, do Super NES. Mesmo assim, não são muitos os momentos que pedem um ataque vertical com o chicote. A maioria dos inimigos ou está à frente/trás ou então surgem voando na tela, te obrigando a decidir como e por onde atacá-los.



Mesmo nós estando em pleno 2015, convivendo com gráficos do nível de um God ou Gears of War, Castlevania ainda é um jogo bem bonito pros padrões da época. Sua vasta paleta de cores pode ser muito bem observada nos diversos cenários do jogo. Ainda que o laranja e vermelho predominem em sua maioria, tons de verde, marrom, cinza e azul são muito bem utilizados nos fundos de cenário. Criptas abandonadas, masmorras, restos de castelos e cidades amontoadas são muito bem reproduzidos, dando uma fidelidade bacana ao jogo até mesmo nos dias de hoje. Os inimigos, apesar de se repetirem em quase todas as fases, possuem modelos bacanas e bem animados. É certo que morcegos e as infindáveis cabeças de medusas serão sua companhia pela maior parte das fases, mas inimigos como cavaleiros e esqueletos começam a povoar o game da metade pra frente. O mesmo pode ser dito dos chefes, todos requerem um jeito certo de atacar ou dependem do uso de certas armas secundárias para facilitar o serviço (cof cof, água benta).

Por fim, Castlevania possui uma das trilhas sonoras mais lendárias dos jogos. Criada por uma dupla de compositoras, Kinuyo Yamashita e Satoe Terashima, a trilha inteira do jogo é digna de ser ouvida em separado, tamanha jóia sonora temos aqui. Composições lendárias como Vampire Killer, a antológica Wicked Child e a tensa Nothing to Lose, fazem parte do cardápio musical que o jogo oferece. Vale dizer também que Yamashita também compôs as músicas do clássico Power Blade, também do NES, e Terashima teria participado da continuação de Castlevania e também do lendário Life Force, ambos para Nintendinho também.

Castlevania é um jogo que está marcado na história dos games. Com jogos saindo até nos dias atuais, a série criada lá no passado por Akihiko Nagata e sua trupe ainda rende jogos e homenagens de outros produtores inspirados em sua obra original. Mas, em especial essa primeira versão, que é muito mais simples, concordo, mas com grandes pretensões e conteúdo, me chama a atenção justamente pela simplicidade de enredo e jogabilidade. Mesmo com seus problemas, principalmente no salto de Simon, Castlevania figura como um dos melhores jogos já feitos, lançando ao mundo uma série de qualidade inegável e imprimindo na história, nomes e personagens consagrados até hoje.



Resumão:
+ o visual, mesmo pra um jogo bem antigo, ainda é inspirador;
+ a epicidade da trilha sonora;
+ a dificuldade que te obriga a aprender a jogar, antecipando aos inimigos;
- o salto irregular de Simon, talvez o principal componente pra afastar as pessoas do jogo;

Final Score: 9

20 comentários:

  1. É bom quando o cara pega elementos desses jogos assim para demakear em fraudes como esta: http://gamerdesconstrutor.blogspot.com.br/2015/04/castlevania-symphony-of-night-para.html
    :-)

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    1. Hahaha, vc é um fanfarrão Yoz! Mas seria tão épico...

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    2. Ter influência não significa ser fraude; for assim então o Rondo of Blood do PC Engine é farsa po? no mais, Castlevania é um grande clássico, e o 2 do NES ficou ainda melhor.

      Mas o meu preferido Catlevania ainda é o Rondo of Blood (até mais do que o Symphoni of the Night).

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  2. Um ótimo jogo zerei ele pelo emulador a muito tempo mas sofri um pouco pra zerar esse jogo principalmente quando se chega na Morte o boss difícil pra caramba viu.

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    1. Use a água benta e seja feliz! De preferência, com algum multiplicador!

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  3. Ahhh o maldito pulo Belmont! Esses caras não vão para as Olimpíadas nunca desse jeito! Não adianta nem Mario e nem Sonic convidar... ops...
    Esse jogo é um clássico absoluto e muito bom, pena que joguei pouco na vida... como a maior parte dos jogos de NES. Um grande pecado meu, eu sei.
    Com certeza vou dedicar um tempo da vida num futuro próximo pra tentar terminar este jogo do capeta... ou do Drácula, no caso.
    Quem sabe até lá não melhoro as piadas também? kkk
    Ótimo review!

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    1. Recomendo jogar com a cabeça tranquila, aproveitando cada pixel do cenário!

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  4. Esse primeiro Castlevania pode ser bem desafiador no começo, mas quando se usa a água benta multiplicada nos chefes, principalmente na Morte, o jogo decai muito em seu dificuldade, acho que no III diluem mais isso.

    Pra quem gosta desse jogo eu também recomendo o Vampirekiller do MSX, leva pra outro nível a partida, a única lástima é o slowdown, mas a diversão é garantida.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Boa análise, pra quem não conhece ainda será uma ótima pedida dar uma lida para conhecer melhor. Eu ainda estou tentando fechar o game, mesmo jogando várias quando era moleque, mas antigamente era outra história! hehe
    Valeu Cosmão :D

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    1. Estou pra voltar a jogar essa jóia, dei uma parada com tudo, pois estou de férias, mas agora em agosto pretendo voltar com tudo, inclusive com o blog hehehe!

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  7. Falando no III, acho ele o mais difícil da série principalmente as partes finais, só consegui zerar no emulador, mas o meu favorito é o II, não sei porque malham ele, pois o jogo é rpg puro, varios tipos de armas, segredos, npcs e ainda possui 3 finais, até hoje ainda acho bacana e está sempre instalado no meu celular, pela sua jogabilidade era praticamente o lord of shadows da época.
    Ps: Já existe até a versão revamped, muito boa por sinal.

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    1. Acho que reclamam pela transição de turnos toda hora anunciada interrompendo o fluxo do jogo e alguns momentos serem mãe diná. Mas talvez tenha sido aquele primeiro review do Angry Videogame Nerd que condenou o jogo.

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    2. Verdade doc! aquele review do angry nerd deixou o jogo com um aspecto muito ruim. Mesmo ele sendo um jogo de adivinhação pura em algumas partes, é um ótimo castlevania mais, digamos, adventure. Além da dificuldade ser bem maior que o primeiro jogo.

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  8. Castlevania só curto dos 16 bits pra cá. Aquela versão do arcade é tosca pra caramba também huahuahuahau

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  9. Olá galera do ShuGames, tudo bem? Eu sempre curti este blog há anos... Já terminei vários Castlevanias, dos 8Bits até os 64Bits...

    Sou do blog Ultimate Retro Player, deêm uma olhadinha lá: http://ultimateretroplayer.blogspot.com.br/? m=1

    Abraço a todos, ShuGames Rulez!!!

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  10. Finalmente te achei, te seguia no Fotolog!

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    1. Olha, das antigas em, saudades do cosmo_kramer, às vezes eu dou uma passada por lá pra relembrar!

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  11. É depois de morrer milhões de vezes consegui zerar...

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